Foto: Miguel Magro/Arquivo Pessoal.
Nas últimas semanas, o Parque Oriental de Ribeirão Pires registrou a presença de quatro espécies raras de aves, resultado das condições ambientais criadas pelo recuo da represa Billings. O biólogo Miguel Magro, que observou as espécies, destaca a importância desse fenômeno para a avifauna da região.
A baixa no nível da Represa Billings durante o inverno de 2024 proporcionou um ambiente favorável para a chegada de aves migratórias e outras espécies raras, incluindo o Maçarico de Perna Amarela, Mergulhão Pequeno, Paturi Preta e Carqueja de Bico Amarelo.
O biólogo e observador de aves Miguel Magro, responsável por documentar essas espécies, ressalta a singularidade desse momento. “Este ano, estamos vivenciando um fenômeno pouco comum na represa Billings. O nível da água está muito abaixo do padrão dos anos anteriores, o que criou extensos bancos de lama e margens rasas. Esses fatores têm atraído uma variedade de aves que não costumamos ver por aqui, especialmente no Parque Oriental”, explica Magro.
Dentre as espécies registradas, destaca-se o Maçarico de Perna Amarela (Tringa flavipes), uma ave migratória que viaja desde a tundra canadense até a América do Sul, em busca de refúgio do inverno boreal. Outra espécie que chamou a atenção foi o Mergulhão Pequeno (Tachybaptus dominicus), um pássaro aquático raro na região. “O Mergulhão Pequeno é uma ave que prefere ambientes com vegetação flutuante, como pequenos lagos e açudes. As margens rasas da Billings, agora expostas, criaram um habitat ideal para esses mergulhões, que se alimentam de pequenos peixes e insetos aquáticos”, explica Magro, acrescentando que a presença do Mergulhão Pequeno é incomum em Ribeirão Pires.
O Paturi Preta (Netta erythrophthalma), um pato de médio porte que é escasso na maior parte do estado de São Paulo, também foi observado no Parque Oriental. Magro relata que avistar um casal dessa espécie é algo notável. “Os patos dessa espécie são mais comuns em áreas específicas do Estado, mas avistá-los na Billings é raro. Este casal tem sido uma surpresa agradável para todos nós que monitoramos a fauna local”, comenta o biólogo.
Por fim, a Carqueja de Bico Amarelo (Fulica leucoptera), uma espécie que se assemelha à galinha-d’água, foi outro destaque. “Essa ave é escassa no Estado e se distingue pelo escudo frontal amarelo. Ela se alimenta de matéria orgânica flutuante na água, e as margens rasas criadas pelo recuo da represa têm proporcionado um ambiente favorável para sua alimentação”, explica Magro.
A presença dessas aves raras no Parque Oriental reforça a relevância do local como um refúgio para a avifauna e um ponto de interesse crescente para biólogos e observadores de aves. A comunidade científica local, junto aos entusiastas da observação de aves, continua a monitorar a região, aguardando ansiosamente por novos avistamentos e contribuindo para o conhecimento e a preservação da biodiversidade na região de Ribeirão Pires.
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